Dizem que os 30 são os novos 20... tenho que admitir que não me sinto nem um pouco perto dos 30, não daqueles 30 que habitava meu imaginário quando eu tinha 14.
Pensava entre aquelas brincadeiras de papel, onde colocamos a idade que queriamos casar e outros desejos mais pro futuro, que com 30 anos estaria casada, com 3 filhos, trabalhando, morando num apartamento em Laranjeiras e com uma casa de campo. Poucos desses sonhos infantis foram realmente realizados, poucos continuaram a ser sonhados... de acordo que os anos se passaram minhas prioridades foram mudando e o mundo de princesa que nos é obrigado a imaginar foi caindo.
No fundo hoje me sinto mais jovem do que me sentia aos 20, pois aos 20 me sentia demasiadamente adulta, maior de idade, invencivel... Hoje já me permito amar, chorar, viver sem culpa. Já me deixo sentar no chão, me sujar e dar gargalhadas em bom tom.
Me permitir acordar a criança que habita meu corpo é pra mim o que há de mais maduro em mim, quando ao conhecer alguém me permito a curiosidade de ouvir suas histórias sem julgamentos, ou quando vejo um pica pau no meu jardim e me permito olhar todos os detalhes desse ser vivo como algo extremamente novo.
E vivo sendo eu mesma, brigando por mim mesma, pelo direito de ser, de ter opinião, de ter vontade, espaço, e claro, brigando também pelos espaços, direitos, autonomias de quem eu amo... e como amo. Dadiva dos 30: amar sem ter medo de não ser retribuido, sem ter medo de estar sozinho, sem ter medo de recomeçar.
Me sinto sim, uma jovem de 30 anos, uma adolescente de 30 anos, uma menina de 30 anos e muitas vezes quando me entrego ao colo de minha mãe, uma bebe de 30 anos.