segunda-feira, 4 de junho de 2012

Jovem de 30 anos

Dizem que os 30 são os novos 20... tenho que admitir que não me sinto nem um pouco perto dos 30, não daqueles 30 que habitava meu imaginário quando eu tinha 14.
Pensava entre aquelas brincadeiras de papel, onde colocamos a idade que queriamos casar e outros desejos mais pro futuro, que com 30 anos estaria casada, com 3 filhos, trabalhando, morando num apartamento em Laranjeiras e com uma casa de campo. Poucos desses sonhos infantis foram realmente realizados, poucos continuaram a ser sonhados... de acordo que os anos se passaram minhas prioridades foram mudando e o mundo de princesa que nos é obrigado a imaginar foi caindo.
No fundo hoje me sinto mais jovem do que me sentia aos 20, pois aos 20 me sentia demasiadamente adulta, maior de idade, invencivel... Hoje já me permito amar, chorar, viver sem culpa. Já me deixo sentar no chão, me sujar e dar gargalhadas em bom tom.
Me permitir acordar a criança que habita meu corpo é pra mim o que há de mais maduro em mim, quando ao conhecer alguém me permito a curiosidade de ouvir suas histórias sem julgamentos, ou quando vejo um pica pau no meu jardim e me permito olhar todos os detalhes desse ser vivo como algo extremamente novo.
E vivo sendo eu mesma, brigando por mim mesma, pelo direito de ser, de ter opinião, de ter vontade, espaço, e claro, brigando também pelos espaços, direitos, autonomias de quem eu amo... e como amo. Dadiva dos 30: amar sem ter medo de não ser retribuido, sem ter medo de estar sozinho, sem ter medo de recomeçar.
Me sinto sim, uma jovem de 30 anos, uma adolescente de 30 anos, uma menina de 30 anos e muitas vezes quando me entrego ao colo de minha mãe, uma bebe de 30 anos.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

"Ideologia, eu quero uma pra viver..."

Muitas vezes me pego fazendo coisas que me fazem pensar que eu poderia sim ter escolhido outro lado da vida, poderia ser uma grande mulher de negócios, por exemplo, pois tenho uma dedicação grande aos meus projetos e sei que sou inteligente (de alguma maneira, pois não acredito muito nesse julgamento). Mas quem seria essa Lívia cheia de dinheiro, poder ou sucesso??? Acho que eu mesma não gostaria dela.
Acho que escolhi um pouco ser o que sou, digo isso na primeira pessoa porque é claro que socialmente não escolhemos nada, se nascemos na merda teremos poucas chances de sair dela, e se nascermos rodeados de ouro, provavelmente teremos mais chances na vida - mas não exercendo a minha função de assistente social e sim minha função de ser humana - posso dizer que tudo que tenho é resultado das minhas escolhas, dos meus passos e aprecio isso! Tive essa oportunidade e sou grata por isso.
Escolher viver ideologias não é uma tarefa fácil no mundo dos ignorantes. E ter uma mente aberta é ainda mais complicado. Acreditar na liberdade de amar, nossa ai complicou de vez.
Acostumamos-nos e gostamos de viver na nossa gaiolinha, acreditar em um caminho e nem olhar pros outros que estão do lado, viver sem grandes riscos, sem grandes sonhos, dando pequenos passos e idealizando uma vidinha mais ou menos na frente da novelinha das 9.
Quando vemos esse cenário logo saímos a criticar a novelinha, mas a verdade é que o problema não é a novela e sim a gaiola. E de tanto focarmos pro lado errado acabamos enganados ainda mais e perdidos como uma abelha tentando sair pelo vidro da janela.

Digo isso no sentido de que não adianta, por exemplo, ser vegetariano e não ter o entendimento que a atual agricultura mundial está exterminando com a vida na Terra pela depredação do solo. Não que o boi, o porco e a galinha criados em grande escala pra venda não causem grandes problemas. Eu mesma evito comer bichos, mas sei que tudo que compro que vem do cerasa está exercendo uma grande ferida na face da Terra.



Mas esse é só um exemplo entre tantos, poderia dar um de cada assunto polemico existente.
Enfim, acredito que temos que focar no x da questão e não nos entornos. Li uma vez enquanto fazia minha monografia que a tendência de se dividir os grupos de militância entre Gênero, LGBT, Trabalhadores, Negros, etc era uma tendência proposital, exatamente para nos dividir e nos tornar mais fracos. Acredito em todas essas lutas e lutarei com meus companheiros, todos eles, sem distinção, mas sei que muitas pessoas que estão lutando por uma causa às vezes abominam a outra, e isso pra mim é muito confuso.
Devemos sim lutar, pelos direitos humanos, por uma sociedade justa e igualitária para todas e todos. Sugiro que não dividamos essa luta. Não é justo com a sociedade!
Abre a porta da gaiola e voe!! Todos nós podemos!!

terça-feira, 1 de maio de 2012

QUEBRA CABEÇA

Ganhei da Sky cartão o canal GNT por 5 dias e como nunca assisto televisão, porque nunca coloco cartão na minha sky, hoje - nesse dia frioooo - resolvi assisti um pouco de TV. Assisti ao programa Quebra Cabeça do GNT que falava sobre provas escolares. Eles mostravam o dia a dia de duas meninas que deviam ter por volta dos 10 anos de idade. Idade dos meus ex alunos (ex, pois essa semana parei de trabalhar na escola).
Muitas pessoas avaliam a minha decisão de sair da escola onde eu dava aula como loucura, afinal é a melhor escola da cidade onde moro (o que dizem de acordo com o resultado do ENEM), mas hoje assistindo ao programa me senti aliviada e certa da minha decisão.
Esse sistema educacional exclusivo para o vestibular está matando toda uma geração de educadores e educandos para a vida em sociedade. Hoje se educa para provas, para fazer concursos, para se entrar nas melhores universidades, e não só para as melhores universidades e sim para os melhores cursos. 
Conheci uma professora de Artes recém formada pela UFRJ e que voltou para sua cidade natal e ela me descreveu a decepção de seus colegas e de seu colégio ao saber que uma aluna tão boa tinha escolhido fazer Artes.
- Você poderia ter feito Direito. - Diziam todos à ela. E ela, além de batalhar por um salario digno, agora também tem que batalhar por reconhecimento. Afinal, a maioria dos colégios particulares já tiraram Artes do curriculo do Ensino Médio.
E quem foi que determinou que Artes é menos importante que matemática? Ou que educação fisica é menos importante que Fisica? Se pensarmos direito, essas matérias estão interligadas, elas se completam, poderiam sim ajudar muitos estudantes a crescer e se desenvolver intelectualmente.
Mas quem está preocupado com o intelecto de seus alunos? Eu mesma já me peguei várias vezes dizendo pros alunos: é assim porque é assim e fim. Tento sempre me corrigir a tempo de acharmos juntos uma resposta pras suas perguntas, mas a frustração do mundo quanto aos curiosos pega em qualquer um, e começamos a achar que aluno que pergunta muito é um chato.
Eu mesma já fui julgada chata pelas minhas colegas de faculdade, por gostar de falar demais, contar histórias, tirar dúvidas, e muitas vezes me reprimi por saber que aquilo incomodava. 
Tenho que confessar, que depois de 3 anos dando aulas, AMO meus alunos contestadores, AMO quando eles perguntam algo que não sei e terei que pesquisar, ou quando me deixam em saia justa e me perguntam algo extremamente inadequado. É como se fosse um choque elétrico me alertando pra sair da zona de conforto que ainda há vida na Terra.
Mas até quando haverá vida na Terra? Ou o tipo de vida saudável que acredito ser a melhor pros filhos que ainda não tenho? 
Acredito, como mostrou o programa, que a prova em si não prova nada. Avaliar o aprendizado de uma criança ou adolescente (e até mesmo de um adulto) é muito mais que lhe dar uma nota. Muitas pessoas importantes na História da humanidade não entraram pra Universidade, muitas repetiram de ano repetidas vezes, outras tantas não tiveram a oportunidade de estudar, e mesmo assim souberam fazer a diferença.
Por isso não me encaixo nesse quebra cabeça do sistema educacional atual e me guardo o direito de só voltar a lecionar em escolas quando achar uma que não esteja formando só mais um tijolo pra parede do capitalismo.

domingo, 29 de abril de 2012

Amizade entre mulheres

Tem muita gente que me diz que mulheres sentem inveja umas das outras, e que por isso as amizades vão se acabando com o tempo. Principalmente, quando morei nos EUA tive essa impressão de que as mulheres na comunidade onde eu morava não eram amigas.
Eu acho a amizade entre mulheres algo magnifico e edificante. Quero muitas mulheres ao meu redor, pois só a energia feminina vem com tamanha generosidade e amor.
E quando a gente se junta parece uma grande colcha de retalhos, onde cada uma conta sua história, costurando com a história da outra, rindo seu sorriso, derramando sua lágrima. Lembro-me do filme "colcha de retalhos"  que fala sobre essa conexão através do artesanato.
Hoje recebi na em casa minha mãe, minha amiga Iran e minha amiga Sarah, decidimos assim espontaneamente nos juntar pra fazermos trabalhos manuais. 
Foi um fim de tarde incrivel, e mais uma vez provei que amizade entre mulheres tem esse poder da criação. Criamos e recriamos muitas coisas, mas principalmente sentimentos. 
Embaladas de boa musica, lanche e cores fomos imaginando nossas vidas na nossa arte e dali vinha muita alegria.
Ver diferentes gerações sentadas em torno de uma mesa, dividindo suas emoções umas com as outras me mostrou mais uma vez como é importante dividir a energia... porque até no silêncio estavamos conectadas.
Bela oportunidade de vida, belo domingo entre amigas. Plageando o Pequeno Principe, sou eternamente responsável pelo que cativo, sou com orgulho, e farei o possível pra merecer todos os dias mais amizades na minha vida.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Dos 18 aos 30...



Quando chegamos aos 30 finalmente percebemos o quanto não sabemos de nada. Acho muito engraçado quando meus alunos de 17, 18 anos vem com aquele discurso de que “eu já sei de tudo”, “ não preciso de professora, nem de mãe pra me dizer o que fazer”.  Tenho que rir, mas não é deboche, é um sorriso de saudade da época em que eu ainda era iludida por essa incrível arma da juventude, que nos faz pensar que tudo é pra sempre, que a diferença entre adolescência a juventude acaba com o passar de 1 ano, como se aquela velinha em cima do bolo fosse a vela do Harry Porter ou coisa parecida, enfim, tivesse poderes mágicos que te fizessem amadurecer com a soprada dos 18 aninhos.
Essa semana me deparei com diversos dilemas da juventude. Como trabalho com adolescentes, tenho essa aproximação e nem sei o porquê eles se sentem muito a vontade pra me falar sobre seus problemas, mas falam. E em uma única semana me deparei com problemas de alunas e amigas (os): gravidez, pílula, relação com pais, namoro, independência , saúde...  de tudo um pouco.
Acho delicado ajudar adolescentes em crise, acho que na verdade uma palavra nunca bastaria, na maioria das vezes a raiz do problema está em casa, na educação, na infância, e falar dessas raízes nem sempre é uma tarefa fácil pros adolescentes. Por isso os cuido com amor. Tento não julga-los, observo, entendo suas necessidades e converso sempre sobre a necessidade dos outros.
Mas amadurecimento realmente não vem com o soprar das velinhas, ele demora a chegar, é mais dolorido que dor de dente, há de se ter muita paciência e se lembrar de que já passamos por isso. Afinal, eu demorei 30 anos pra entender que já era uma mulher, mas confesso que ainda amo colorir, sentar no chão, me sujar de lama, dar gargalhadas infinitas, brincar de roda, contar estrelas, deitar no colo da minha mãe...e tantas outras coisas que são ditas de criança. Esse é o grande segredo que descobri aos 30, que pra ser uma mulher não preciso necessariamente matar a criança que mora dentro de mim, eu não preciso anular meus desejos, nem repreender meus sorrisos.
Gostaria que todos tivessem a oportunidade de aprender esse segredo e vivessem uma vida mais alegre.
E aos adolescentes de hoje, vou estar sempre disposta a ouvi-los com todo carinho pra, quem sabe, um dia eles se tornem adultos tão felizes quanto eu.

Eu!

Wordle: Untitled Pedi que alguns amigos me falassem uma palavra que fizessem eles lembrarem de mim... esse foi o resultado e assim começo mais um blog na minha vida.... Enjoy it!